terça-feira, 19 de junho de 2012

'Sou um político de vanguarda', diz Priante

Pré-candidato do PMDB à prefeitura de Belém, José Priante está no quarto mandato como deputado federal. Começou a carreira política nos anos 80, militando no movimento estudantil. Já foi vereador, deputado estadual e nas últimas eleições municipais chegou ao segundo turno concorrendo com o atual prefeito Duciomar Costa. Em 2009, a Justiça Eleitoral chegou a determinar que Priante assumisse ao administração do município, após cassar o mandato de Duciomar, acusado de uso da máquina e propaganda ilegal. O prefeito recorreu e manteve-se no cargo.
Priante é o quarto entrevistado da série que o DIÁRIO publica com os pré-candidatos à prefeitura da capital paraense. À reportagem, o deputado se auto-denominou um político de vanguarda e disse que, se eleito, terá como meta superar o populismo de esquerda e de centro que, segundo ele, tem dominado a política belenense nos últimos 16 anos.
P: Com quais partidos o senhor está conversando? Quais as possibilidades de aliança?
R: Estamos conversando com diversos partidos, mas nossa cultura política nos mostra que as alianças se dão sempre no último momento. Mas existe, concretamente, uma série de situações que resultarão em uma bela aliança.
P: Já há alguma indicação de quem será o vice?
R: A questão do vice está muito relacionada aos partidos que estarão aliançados. Não podemos partir para a construção da vice escolhendo nomes. Temos que ter diálogo com os partidos. Essa é mais uma decisão interna dos aliados que do candidato.
P: O PMDB é um partido da base aliada do governo de Simão Jatene. Que comportamento o senhor espera do governador em relação a sua candidatura já que o partido dele, o PSDB, também tem candidato?
R: Eu prefiro falar do meu comportamento com relação ao governador Simão Jatene. Eu dei apoio ao governador, portanto o ajudei a ganhar a eleição. Sou um aliado e mais do que aliado, sou um colaborador do seu governo. E, mais do que isso: não sou ocupador de espaço.
P: O que o senhor quer dizer com “um ocupador de espaço”?
R: É aquele que ocupa espaço e não colabora. Pelo contrário, minhas intervenções, minha procura e meus telefonemas ao governador foram sempre no sentindo de anunciar as minhas colaborações com o governo. Em primeiro lugar, fui relator do Orçamento da União na área de Integração e Meio Ambiente e consegui fazer uma ponte entre governo federal e estadual e, com isso, recursos para a conclusão da avenida Independência que hoje vai só até a Arterial 18. O edital já está nas ruas e essa é uma obra que vai desafogar o trânsito de Belém. Vai da Arterial 18 até a Alça Viária. Hoje Belém só tem uma saída que é a Almirante Barroso e BR 316 e esse trecho, entre o Entroncamento e Marituba, se tornou uma avenida comercial com galpões, igrejas, lojas, escritórios. O que era uma via expressa se tornou em avenida. Esse é um grande embaraço para o trânsito em Belém.. Consegui também recursos de mais de R$ 60 milhões para colocar água em 14 municípios do Pará e, como relator do orçamento, inclui mais R$ 20 milhões para urbanização do Parque do Utinga que é um velho sonho do governo. Consegui recursos para um Pronto-Socorro em Icoaraci e Mosqueiro. Enfim são esses os anúncios que tenho feito. É esse o formato da nossa relação. Tenho certeza de que eu e o governador Jatene vamos nos encontrar para fazer a vitória nas eleições que se avizinham.
P: Mas na prática, o senhor espera uma participação efetiva na campanha com participações nos programas eleitorais, comícios?
R: Eu tenho certeza que eu terei o apoio do governador par chegar à prefeitura de Belém. Agora mais do que esse apoio o que eu quero é garantir o apoio governamental para nossa gestão municipal. Desse apoio, não abro mão de forma alguma porque é fundamental para tirar Belém do estado em que se encontra.
P: O senhor tem se apresentado como um candidato com boas relações com a presidente da República Dilma Rousseff e com bom trânsito em Brasília, mas a presidente Dilma tem outros candidatos da base de apoio dela em Belém. O que diferencia o senhor desses candidatos?
R: O grande diferencial da nossa pré-candidatura é o fato de eu ser aliado da presidente Dilma, ter o apoio do vice-presidente da República que é o presidente do nosso partido em nível nacional, Michel Temer e ter um bom diálogo e ser aliado do governador. Diferente de outras candidaturas. Há candidato que tem abertura com a Dilma, mas porta fechada com o governador. Outros têm abertura com o governador, mas têm as portas fechadas com a presidente Dilma e tem até candidato que tem as portas fechadas tanto no governo federal como no governo estadual. A nossa candidatura tem esse diferencial. A nossa proposta para governar é romper com o ciclo que Belém tem vivido: hora de um populismo extremista de esquerda, ora de um populismo mais à direita que têm a atravancado a agenda política da cidade e desconstruído as oportunidades que Belém poderia ter tido nos últimos 16 anos.
P: Se o senhor não é populista de esquerda, nem populista de direita, como o senhor se define?
R: Eu sou um político de vanguarda, um político que vê a história e as revoluções do passado, os grandes guerrilheiros como lutadores da sua época. Eu tenho certeza que a grande oportunidade que Belém deve construir é essa união e soma de forças. Belém está vivendo em estado de urgência e emergência. Não podemos perder tempo com debate ideológico ou no campo doutrinário. Nós temos que discutir os problemas da cidade. A cidade deve ser a nossa agenda. Essa oportunidade de unir forças é o caminho para tirar Belém desse estado.
P: O senhor vem de uma longa carreira no legislativo, mas não tem experiência no executivo. Como o senhor pretende convencer os eleitores de Belém de que está preparado para administrar a cidade?
R: Eu me preparei para administrar Belém. Ao longo da minha trajetória política eu me preparei para chegar a um cargo executivo. A minha vida política nos últimos anos foi a discussão de políticas de Estado. Fui presidente da Comissão de Economia da Câmara que teve, entre outros presidentes, Tancredo Neves. Fui o primeiro presidente da Comissão da Amazônia da Câmara dos deputados. Fui presidente da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara. Fui vice-líder do atual vice-presidente da República, Michel Temer. Fui relator do orçamento do Brasil por três vezes. Se tivesse sido mau relator, não teria sido nem a segunda, quanto mais a terceira vez. Eu me preparei, me especializei. Eu entendo de orçamento público. Compreendo os problemas e sei os caminhos para buscar recursos para ajudar Belém. Eu sei os meandros para buscar parecerias não só no campo federal, no campo estadual e até mesmo em nível internacional. Eu estou preparado para isso. Me sinto seguro e preparado para os desafios que Belém tem.
Eu sei que o orçamento de Belém é diminuto, impeditivo e nós não temos outra saída que não seja a parceria, a união, a construção de pontes. Tenho convicção de que além de estar preparado para enfrentar esses desafios estou bem posicionado pela construção das circunstâncias políticas que estamos vivendo.
P: O seu partido é frequentemente acusado de ser fisiologista. Caso o senhor seja eleito, que critérios vai usar para montar a equipe?
R: O PMDB é o partido de maior longevidade do Brasil. Fez nesse ano, 46 anos de idade. Hoje, tem tantos “ps”. Tem inclusive o “Psó”, que é o partido do eu sozinho. Nós somos o partido dos muitos, de muitas lideranças, de muita história de muitas expressões políticas. O PMDB é o partido da sustentação de democrática, que construiu o caminho que estamos vivendo hoje de democracia. O PMDB tem muito mais a somar, muito mais marcas positivas que negativas.
P: Em relação aos quadros para compor o governo, o que o senhor espera?
R: Não posso imaginar ganhar a eleição sozinho. Eu vou ter que ganhar num arco de alianças. Se não vencermos no primeiro turno e formos ao segundo, vamos ter que aliançar. E é claro que vamos governar com os partidos. Eu me proponho a somar, juntar esforços. Vou fazer uma gestão diferente. Não apenas restrita a meu partido. Vou fazer num governo com todos os partidos, mas será um governo com balizamento técnico. O político do governo sou eu. Eu serei o clínico geral, mas os especialistas estarão à frente para que façamos os bons projetos que Belém precisa.
P: Caso o senhor seja eleito que encaminhamento o senhor pretende dar ao BRT, essa obra que está gerando tanta celeuma?
R: O BRT é o retrato do momento em que estamos estamos vivendo. Qual é a grande reclamação das pessoas? É que o governo que está terminando é desorganizado, é o governo das obras inacabadas, sem planejamento e sem foco. O BRT é uma obra importante. É importante que, nos troncais da cidade, haja alternativas de transporte de massa. Agora fazer a interrupção de uma das faixas desses troncais sem deslocar os demais transportes coletivos é estabelecer o colapso que estamos vivendo hoje. É importante que a gente garanta à sociedade que todas as obras inacabadas sejam concluídas. Porque obra abandonada é dinheiro jogado no ralo. Primeira responsabilidade deve ser concluir as obras que os governos passados não tiveram responsabilidade para concluir. Então o BRT em um fato concreto. Vamos ter que concluir, mas fazendo o que deveria ter sido feito. Ordenamento das linhas de ônibus para que não haja o transtorno que hoje está tendo na Almirante Barroso e na Augusto Montenegro. Precisamos também explicar para acidade como vai funcionar o BRT. Onde vão ser os terminais de integração. Como vão funcionar as linhas auxiliares. O que vamos fazer com o transporte alternativo? Kombis, vans, moto taxistas? Precisamos apresentar um planejamento. Não podemos fazer como está sendo feito. O que aconteceu no lamento dessa obra foi uma precipitação por conta da disputa para ver quem aplicaria o recurso que na verdade é do governo federal.
A obra é um fato irreversível. Nós temos que resolver estabelecendo um ordenamento que o atual prefeito não fez.
P: Em caso de um eventual segundo turno, tem alguns dos candidatos que estão a postos, de quem o senhor não aceitaria o apoio de jeito nenhum?
R: Eu tenho experiência política de longos anos. Eu não posso dizer que não aceito apoio de quem quer que seja, afinal de conta, as lideranças representam segmentos da sociedade.
P: Até do atual prefeito Duciomar Costa?
R: Uma coisa é merecer o voto da liderança outra é concordar com a forma de governar e incluí-la no governo. Isso é bem diferente. Eu quero o voto de todos. Eu me diferencio do modelo da gestão atual, do modelo anterior a Duciomar, mas não posso desconsiderar os eleitores. Seria um pecado capital. Eu quero ganhar e quero ganhar com a maioria e não posso segregar apoios de forma alguma.
(Diário do Pará)

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